segunda-feira, 28 de setembro de 2009


Não adianta ser longa a viagem ou muito distante o último horizonte a ser atingido, um dia sempre voltamos para nós mesmos e descobrimos que estamos em casa onde tudo um dia começou.

Podemos morrer na tempestade em alto mar, no deserto atrás de uma borboleta de ouro, mas quando desfalece o corpo, o espírito liberta-se e encontramo-nos novamente no mesmo lugar em que demos o primeiro choro, o primeiro passo. Se fores o céu, haverá céu nessa hora, se tu fores relâmpago, haverá muita chuva. O lugar de início será o mesmo lugar onde deixaremos de existir porque longe pode ser também um lugar dentro de nós. Quando rompemos a placenta da barriga gestora fundamos um marco historial, o céu ou o inferno desenvolveremos a partir dali e de nós, seremos depositados no mesmo lugar em que demos o primeiro passo na existência desse plano dimensional.

Na hora final todos os nossos momentos passarão como um filme rápido na nossa mente atiçada e a nossa última lágrima de dor ou a nossa alegria de libertação se fará ouvir como se o último passo fosse também o primeiro, agora de resgate ou do recomeço. Seremos recolhidos para sermos pesados no espírito. A evolução, a conquista do mérito ou o aumento do débito terrestre, depois seremos remarcados para o horror de termos que voltar ou libertos para sempre do inferno da terra onde o tempo é algoz. A viagem, portanto, é sempre dentro de nós.

Nunca achei que houvesse uma explicação totalmente racional. A distância entre dois pontos, para mim não estava na matemática, para mim estava no local onde estamos e onde desejamos estar. Algumas vezes a distância parece infinita. É como se fosse um sonho impossível de realizar, alguns dias parece mais distante, outros quase podemos tocar, alguns dias a distância quase que nos faz querer desistir. Existe dias em que a vontade de chegar faz correr para além das nossas forças e depois de algum tempo tu entendes, não é só a correr muito rápido ou ficar apenas à espera. Chega um dia que se entende, que existe um horário, um tempo, além do nosso mero entendimento e dentro desse tempo as coisas simplesmente acontecem quando chega a hora.

Arrependo-me de algumas lágrimas, hoje talvez tivesse molhado ainda mais os meus olhos, após saber algumas verdades. Não importa, tudo aconteceu como deveria e como o desejado, por mais irracional que possa parecer e por mais louco que seja, estou feliz onde cheguei. Percorri a distância entre os dois pontos sem perceber se estava a correr ou se estava apenas a sonhar em chegar. Mas de todas as formas, é bom estar aqui.

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